quarta-feira, setembro 14, 2005

fantasma

Minha visao em diagonal tem o lustre no teto como um obstaculo ao te olhar. Estou sentado em surreal no canto do teto a lhe flertar madrugada a dentro. De meu posto eu vejo lah fora a raposa no vento, pela janela, dentro do silencio, em oposto a mim, sentada no telhado da lojinha de pisos e azulejos ao lado. A cima as estrelas. A raposa quieta e vadia; sem um pio ela fica lah e entao tiro gelidas fotos do bicho da noite com meu morbido mobile.

Volto a olha-lo sentado de costas para TV muda enquanto Bjork dorme. Luz amarela. Seus olhos piscam devagar. Seus labios sorriem timidamente, flamejantes. Sua barba serrada de adolescente. Ele faz o que quer, onde ele quer - quase tudo o que quer, eh bom lembrar. Suas olheiras ja nao sao tao profundas, mas tambem ja nao tem mais cura. Porque se lamenta? Porque nao se contenta? O ser-humano esta tao vago e naive, deixa tudo passar e ir embora. As vidas agitadas levam as horas embora a Jato.

Talvez seja por isso! Por fazer o que quer, a hora que quer, quando ele quer a toda hora e todo momento, ele nao faz mais tempo pra mim e me deixa aqui no canto a observar, e quase nao existir. Ele descobre que o tempo ja nao se mede em dias ou segundos e sim acoes ou passos.
Nos baloes da sua cabeca leio que conversas sao pensamentos. Que conversas nao tem mais som. Relogios nao tem mais ponteiros. Telefones nao tem mais fios. Escadas nao tem degraus. Que Casas sao paredes. Paises sao muros. Eu leio em sua testa "eu devo estar louco".

Antes de me conhecer ele viveu prezo na alegria quando nao sabia sofrer. Agora eu sempre estou aqui perto dele, sou sua assombracao e sua solidao. Sou sua ligacao com mundo dos mortos e dos normais. Eh comigo que ele esta aprendendo a viver, e assim sentado ali ele comeca a entender quando tenta me descrever.