terça-feira, setembro 27, 2005

Quando veio a chuva...

Passei todos esses dias pedindo uma tempestade. Dessas bem violentas que poderiam acabar com tudo. Minhas dores inchavam. Minhas flores murchavam. Nada acontecia. Mas eu tentava. Eu implorava pela chuva e ao mesmo tempo sonhava com o sol. Eu queria sentir de novo o cheiro eterno do amor de minhas coisas. Eu te beijava em explosao. Semanalmente, fiz os melhores shows do Wry ate entao, todos pra chamar sua atencao. Voce me flertava. Depois adormecia.

Fui tentado quando andava nas ruas a noite pelas redonzedas. Fui estuprado ao telefone. Janelas escuras no topo das casas sussurravam palavras obcenas que eu nao entendia. Sinistro, um dia uma louca que gritava. No outro dentro do escuro no quadrado da janela alguem fazia um som bizarro, meio bicho, meu estrangeiro. Eu nao conseguia ver e soh queria correr. Dormir.

O pequeno sino irritante da St. Paul de Stokey me acordou todos esses dias; fiquei sabendo que moram lah um monje e um estudante. Um policial loiro sentiu o cheiro do meu halito; Infantil. Mcdonalds. O vizinho novo chato, musico e bebado tentou ser meu amigo mas eu o declinei. Eu pedia raios e os trovoes. Me ocupei pra esquecer do segundo e terceiro prazer enquanto nas rezas me atrapalhava pra tentar voltar a pensar em voce. Eu escrevia seu nome nas pocoes magicas da minha solidao a dois. Eu te amei e te esperei.

Hoje estou mais leve que o ar, mas feliz que o coelho. Hoje choveu por todo o tedio e desanimo, alagou-se toda a solidao. Por toda felicidade nao veio a tempestade das minhas tentacoes aos outros prazeres. Nos banhamos nas enxurradas. Todo o preconceito se foi. Toda mentira lavada. Vi suas lagrimas. Voce sentiu meu perdao. Acertei na minha certeza: pensei em voce quando eu estava em voce.