quarta-feira, março 22, 2006

Os fantasmas e o cachorrinho de papel vivo colorido

Esse era o fantasma que me pertubava todos os dias: moleque, brincalhao e atraente. Vinha em meu quarto sempre a me aborrecer. No fundo me amava e queria meu bem. Sua arte em me assustar, dentro de si, era na verdade me querer. Talvez.
Minha casa era a mesma que sempre foi, com excessao da nevua com a qual nossos pesadelos a colorem. Luz amarelo-morto. Cenas lentas, quase paradas. Os fantasma me incomodam nas horas mais tranquilas da noite. Sinto medo, nao vou mentir, mas sempre antes de dormir. Quando eu fecho os olhos, eu entro onde gostaria de ficar pra sempre.
E mais uma vez ele veio, mas essa foi a ultima. Tristes sao aquelas pessoas que querem o impossivel, como ele. Algo em nossas vidas sempre eh impossivel. Incrivel.

Estamos todos agora refletidos pelo brilho do dia atravessando a janela de vidro. E todos sentados, ou no chao ou na cadeira ou no sofa. Todos a conversar. Devagar vem em nosso encontro uma arte em papel fino. Daqueles de fazer pipas. Vem esses papeis em uma forma, tao lenta soprada pela briza. Colorida. Os papeis num piscar de olhos transformam-se em um cachorrinho. Vivo, mas de brinquedo. Seus pelos em diversas cores. Pequenino. Carinhoso e lindo.

Era o presente de Alex, que veio me salvar. Ela morreu e foi junto com ou outros.
Alex passou pelo corredor-garagem que podiamos ver da janela junto com todos os outros e Marcelo o fantasma que me amava. Alex veio buscar todos. Leva-los a luz.

Todos os mortos aliviados foram embora e hoje me tornei mais feliz. Meus ombros mais leves e minha alma em fogo ardente.