quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Fome


As vezes, por alguns minutos, a vida perde o sentido. Pouco, do que te é entregue, te satisfaz. Você fica estático. O tempo começa a passar mais rápido. Sua mente percorre ruas escuras até alcançarem estradas longas e estranhas. Seus olhos, daltônicos e sem brilho, enxergam o vazio. Seus ouvidos escutam o silêncio. Sua boca se fecha. Você fica sem fome.

Qualquer corpo físico nesse mundo fantástico tem seu momento de folga. O contraste faz parte. O intervalo impulsiona. A maré baixa. O sono acontece. A hora do almoço.

Meus intervalos são transformados em contemplação às coisas mais simple: a minha parede ou minha louça; minhas plantas ou minhas cachorras; minha grama ou minha rede; meu livro ou minha rede social; meu seriado ou meu trabalho.

Nunca no lugar mais baixo eu passo muito tempo. Quando vejo, o breve intervalo acaba. E começo a ter fome de novo, sorrindo.